Despertar

Ao sol
Que a vem chamar
No quarto
Ela desperta
Revira lindamente
Os negros cabelos
No fofo travesseiro.

E os olhos entreabrindo...
Ergue ao ar
Os braços cansados
Despreocupadamente.

Deixa fugir das rendas
Em decote
Os seios palpitantes
Que um gesto natural
Oculta sem querer.

Na quentura do leito
Em suave desalinho
Seu corpo se encobre.

Ela se levanta então...
E atraves das rendas
Entreve-se o esplendor
Das formas arrogantes.

A luz...
Beija-lhe os pés
O corpo
Toda
Inteira.

Num delírio sensual
Quando ao chão
Vão caindo as rendas,
E explode a luz do dia.

O seu corpo,
Ainda morno
Em completa nudez:
- A ereta rigídez do colo...

A espádua nua...
O contorno do ventre...
A penugem macia...
E 'a luz do sol.

Que espia através
Das cortinas
Desenha-se o perfil
Da carne
E da mulher!...

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Renato Neves