Parece que foi ontem, eu correndo entre as árvores tão cheias de frutos.
Eu peguei um dos frutos, mordi.
O tempo pegou uma das flores, caiu.
Parece que foi ontem, eu deitada na grama para olhar as nuvens e
meus dedos descobrindo na terra a flor que eu nunca poderia salvar.
Se, ao menos, ela aceitasse o sol e a terra que eu tinha.
Se, ao menos, não desistisse da primavera, quando o inverno
chegasse primeiro, pousando as suas mãos sobre ela...
Parece que foi hoje, os transeuntes com pressa, trazendo os
caminhos do futuro para baixo dos pés.
E eu entre os meus pés distraídos, descalços, colhendo do tempo,
daquela antiga praça, uma erradia flor.
Rita Apoena
Nenhum comentário:
Postar um comentário